sexta-feira, 8 de maio de 2009

Transição! Que fase, hein?

Não é fácil fazer com que a galera que lê o blog escreva seus comentários aqui para que todos os outros leitores compartilhem das informações que me passam. Confesso que isso me frustra um pouco, mas entendo que alguns não tenham a mesma facilidade de escrever que outros têm.

Hoje decidi expor aqui a minha opinião sobre a transição dos tenistas do juvenil para o profissional e sei que isso vai render muito "pano pra manga". É um assunto complexo, cada um tem a sua opinão e uma forma de pensar, mas a grande maioria com certeza vai discordar da minha maneira de pensar e ver essa fase tão complicada chamada transição.


Antes de começar a escrever sobre o assunto, quero deixar claro que a minha opinião é de leigo. Não sou treinador, não sou 1ª classe, nem tampouco fui profissinal, mas trabalhando com juvenis há algum tempo posso dizer que tenho motivos de sobra para acreditar que a pior transição é a de 14 para 16 e não a de 18 para o profissional. A transição de juvenil para profissional é mais dolorosa, é a que mais conta com os abandonos de carreira, mas a mais complicada é a transição anterior. Digo isso porque os tenistas que chegam aos 18 anos jogando torneios e treinando forte já têm a certeza do que querem, que querem ser profissionais. Já a garotada, apesar de dizerem o contrário, têm muitas dúvidas disso, de que querem realmente levar o tênis como modo de vida.

A Paralella conta hoje com 25 tenistas juvenis agenciados, a grande maioria com faixa etária entre 14 e 17 anos. Nos dois últimos meses foram os 4 agenciados que vieram conversar comigo com dúvidas sobre a continuidade da carreira. Todos esses tenistas estão disputando seu primeiro ano na categoria 16, ou seja, até o ano passado tinham uma vida mais fácil nos torneios nacionais.

Conversando com alguns experientes treinadores, eles me disseram que até os 14 anos, a garotada ainda consegue reverter uma situção incômoda durante uma partida com os famosos e temidos "balões", mas que quando sobem de categoria essa defesa já não tem o mesmo efeito. Para se sair bem nos torneios da categoria 16 anos, não basta apenas ter regularidade, é preciso saber atacar e com eficiência.

Por isso penso que, é na transição dos 14 para os 16 anos que os verdadeiros talentos começam a despontar. É nessa fase que os "baloeiros" começam a despencar no ranking e aqueles que têm no mínimo um golpe "matador", que sabem se defender, mas que também sabem atacar com eficiência começam a conquistar os resultados mais expressivos. Claro que existem aqueles tenistas "baloeiros" com 18 anos que conseguem "beliscar" um ou outro pontinho nos torneios, mas essa é uma outra história que podemos comentar depois.


Os problemas e reclamações apresentados pelos agenciados na fase dos 14 e 15 anos são os mesmos. Eles treinam bem e os resultados não aparecem, muitos deles piram ao ver um outro tenista que costumavam derrotar com facilidade, chegando às finais e vencendo os torneios. A maioria dos problemas aparecem sempre após um torneio nacional, quando eles vão para a quadra achando que será como no ano anterior: "me defendo, mantenho a regularidade e no final tudo dá certo!". Mas, o que acontece é o contrário!

Quando as derrotas começam a aparecer, as dúvidas surgem junto com elas. "Será que não devo trocar de treinador, clube ou academia? E se eu voltasse com meu antigo treinador que me fazia ganhar tudo com 12 anos? Será que vale a pena eu ficar sem sair, ir pra baladas com meus amigos, não namorar e chegar nos torneios e sempre perder?". Foi isso que ouvi de todos os atletas que "piraram" quando as derrotas começaram a aparecer com mais freqüência.


Um tenista parou de treinar, deixou de participar de torneios importantes que ele já tinha agendado, inclusive alguns Cosats. Outro, queria por toda a lei voltar a treinar com o antigo treinador. Teve também aquele que falou que não sentia mais prazer em jogar, que pensava em ficar uns meses só treinando, para entrar em quadra com mais vontade e teve também um garoto que decidiu abandonar de vez tudo e partir pras baladas. Com todos eles eu conversei bastante e pude sentir que a causa das dúvidas eram exatamente as mesmas: nenhum deles assimilava bem o fato de estarem perdendo jogos que antes ganhavam com facilidade. Ou seja, não estavam sabendo lidar com a derrota.



E como resolver essa situação? Como evitar que os juvenis passem por essa fase com mais tranquilidade, menos stress e sofrimento?

Com planejamento, muita conversa e orientação por parte dos treinadores, familiares, amigos e até dos outros tenistas mais velhos que já passaram por isso. O planejamento pode ser feito pelo próprio treinador, mesclando torneios mais difíceis com alguns de menor expressão, os famosos torneios para se ganhar "confiança". Os familiares devem evitar cobranças e comentários do tipo: "Mas, meu filho.. Você perdeu pro Fulano de quem ganhava sempre?". É importante também que os pais conversem com seus filhos antes dessa transição, explicando que a categoria é mais difícil, que os resultados agora (1º ano de 16) não importam tanto, que agora é importante que joguem bem e adquiram experiência para os próximos anos. Os tenistas mais "velhos", que já passaram por isso podem dar conselhos, contar como passaram por essa fase e explicar que também tiveram que engolir derrotas horríveis.

Se a primeira transição for feita com coerência e se bem planejada e preparada pelos treinadores, pais e até mesmo pelos próprios atletas, a transição para o profissionalismo se torna tarefa mais "fácil" quando tiverem 17 ou 18 anos.

Agora quero saber a opinião de vocês leitores, tenistas, pais, treinadores... Concordam comigo que essa transição é a mais complicada na carreira de um tenista juvenil???

Game, set and match...

Abraços

Claudio

5 comentários:

Rogerio Kawakami (ARB) disse...

Olá Cláudio, também acho que todos temos o dever de dar uma opinião e fazer reflexões conjuntas. Por isso escrevo sempre no seu blog, na do fino, girafa e um blog argentino que gosto muito "Fue Buena".

Vamos lá:

Difícil dizer a transição mais difícil e vou explicar o porquê:

1) Fisicamente a transição mais difícil é a 12 para 14, pois com 14 anos os meninos estão mais desenvolvidos e com 12 ainda tem aquela cara de criança

2) Tecnicamente: ai concordo com vc, a transição para os 16 seleciona melhor os "baloeiros" com o resto, mas não podemos generalizar...cansei de ver molecada dando top spin alto e o povo chamando de baloeiro. O Nadal seria chamado assim por muitos

3) Profissional: no masculino costumo chamar que ocorre uma divisão de homens e meninos. Aqueles que têm mais lenha para queimar e precisar intensificar o trabalho em todos os requisitos. O próprio nome diz: PROFISSIONALISMO.

4) Em minha opinião a pior de todas as transições: A de "filhinho da mamãe" para tenista, ou seja, parar de bater o pé no chão quando erra, fazer cara de emburrado e chorar, chorar, chorar, para se tornar homem de encarar os problemas de frente.

Pergunta: Qual dessas transições é a pior? Eu já dei a minha opinião. Por favor, não se sintam ofendidos, problemas culturais que temos que passar, não podemos tampar o sol com a peneira.

Ufa.....agora é a vez de vcs...escrevam e reflitam

Ps: Para quem gostaria de conhecer as minhas colunas e idéias acessem:

www.tenispira.com.br e
www.americanadigital.com.br (coluna Tennis Coach)

Abs a todos e Boas Raquetadas

Unknown disse...

Claro que concordo com vcoe Claudio! A partir de um momento aqueles que ganham tudo e so dao balao acabam ficando com o jogo mais fraco, bola mais fraca, do que os outros, e isso acaba atrapalhando o psicologico... e acabam caindo com seu jogo e na fase do juvenil para o profissional acabam desistindo, ou mesmo vao fazer uma faculdade fora, e desistem do profissional! Bom minha opniao e essa!
Beijao Claudio

Claudio Miyamoto disse...

Fala Rogério, o comentarista mais participativo do Blog da Paralella...ehehehehe

Hoje passei aqui para responder o seu coment, que diga-se de passagem foi muito bem colocado.

O fato é que para a minha área, o que trabalhamos mais é com a "cabeça" da garotada, por isso escrevi que não posso fazer uma avaliação técnica, e concordo plenamente com vc. Mas, gostaria de fazer uma ressalva logo abaixo:

1) Temos apenas uma tenista na categoria 12 anos que foi indicação de um treinador muito experiente garantindo que a tenista tem biotipo, físico e qualidade técnica para passar pela tansição "criança-juvenil" com tranquilidade. Nossa preferência sempre foi trabalhar com atletas acima dos 13 anos, quando já passaram por essa fase e já estão mais desenvolvidos.

2) O assunto "balão" é muito complexo. Muitos não sabem definir o que é uma "bola de segurança" de um "balão". Como disse, não tenho conhecimento técnico para isso, mas falando em obtenção de patrocínios e continuidade de carreira, muitos desses baloeiros ficam pelo caminho. Já tive exemplos dentro da Paralella. Sobre o Nadal, é indiscutível o talento dele e na minha opinião não podemos compará-lo com os juvenis.

3)No profissional caímos novamente na velha história do "assunto complexo". Muitos se profissionalizam sem antes se tornarem "homens" e hoje em dia, vai mais longe quem tem um bom planejamento, um treinador experiente (com profissionais) e conta com algum apoio para fazer o circuito de futures.

4) A transição de "filhinho de mamãe" é uma fase bem complicada também. Acho válido o tenista sair da quadra "P" da vida quando é derrotado, isso mostra que têm sangue nas veias e que quer a vitória, mas sou totalmente contra "birras" e "manhas". Isso sim diferencia os juvenis que trabalham por um objetivo dos tenistas que "curtem jogar torneios". Costumo dizer que nossos agenciados são "trabalhadores" do tênis. Treinam horas e horas por dia (físico, tático e mental), têm comprometimento com horários e datas de seus torneios, estudam seus adversários antes dos jogos e enquanto os "filhinhos de mamãe" brincam antes de seus jogos, eles se concentram e mentalizam o que devem fazer em quadra. Acho realemnte que esse vício de "manha" e "birra" é mais comum nos torneios estaduais, que aliás vou escrever sobre isso hoje no blog.

Valeu a participação, Roger!!! Parabéns pelas colunas também, elas são leitura obrigatória por aqui também.

Forte abraço

Claudio

Rogerio Kawakami disse...

Ae Claudião, esse assunto vai dar pano para manga.

Bom..to saindo para dar treino, então tenho que ser rádido e gostaria de pedir 1 munuto da reflexão de todos:

Vocês tem certeza que as manhas ocontecem somente em torneios estaduais? Dá uma olhadinha nos quali de future e CNIP para saber do que estou falando...

Parece um pocuo pessimista né, mas na verdade tentar modificar o que stá errado me faz um otimista

Abs e Boas Raquetadas

Claudio Miyamoto disse...

Rogério, beleza?


Que vai dar pano pra manga, isso eu já sabia. Cada um vai defender seu ponto de vista...

Sorry, talvez vc não tenha entendido bem:

Em nenhum momento eu disse que as "manhas" só acontecem nos torneios estaduais. O que eu disse é que são atitudes mais comuns nesse tipo de torneio. É claro que nos qualys de futures, CNIP ou torneio nacional isso também acontece.

Esse é meu ponto de vista, mas respeito o seu modo de pensar tbm. Afinal, vc vê o tênis com olhos de treinador, que convive com a garotada dentro e fora de quadra e eu vejo com os olhos de um agente, que avalia não só suas qualidades técnicas e seu ranking, mas sim o retorno que determinado tenista poderá trazer para seus futuros patrocinadores.

Quando um juvenil sai "debaixo da asa" dos pais, a conversa muda...

Todos nós temos nossos dias ruins, acho até que todos nós fazemos manha pelo menos uma vez por mês. O que não pode acontecer é deixar com que isso aconteça com frequência.

Como disse no coment anterior, vou falar dos torneios estaduais num próximo post, portanto não convém continuar o assunto aqui!

Abraços

Claudio