Então, tá!???!!!
Acharam que iam se ver livres de mim? Livres dos meus longos textos, das minhas críticas e até das insanidades que escrevia aqui? Tsc... tsc... Felizmente, ou infelizmente, NÃO!!!!
Muitos vão se perguntar: "por que esse louco ficou tanto tempo sem escrever no blog e, de repente volta, coloca um texto sobre a sua vida e quer que eu acredite que agora ele vai manter o Blog da Paralella atualizado?".
Simples: BASTA LER ESSE POST ATÉ O FIM...Assim como muitos, eu também passei por um período de transição na minha vida. Aliás, eu diria que 2009 foi um ano complicadíssimo. Uma fase de escolhas difíceis, de busca por um novo rumo, um novo caminho e de motivação para continuar. Quantos não passaram por isso? Quem aqui nunca esteve tão próximo de realizar um sonho e sofreu por não conseguir? Acredito que muitos...Quando tinha 17 anos, decidi abandonar o tênis... Guardei o meu sonho de profissionalização na gaveta, e apesar de nunca ter sido um aluno exemplar, decidi que estudar era o melhor caminho! Que se continuasse insistindo em viver apenas sonhando, logo iria acordar e aprender da maneira mais difícil que, as conseqüências de uma desilusão são muito maiores e dolorosas que o sofrimento de encarar a realidade.Eu, que não tinha passado nem sequer perto de me profissionalizar, confesso que sofri demais ao ver meu sonho desfeito. E ser profissional era só um sonho, muito difícil de eu conseguir realizar.Eu não queria ser famoso, não desejava ser o tenista número 1 do mundo, nem sequer do Brasil. Meu sonho era poder continuar em quadra, era um dia jogar um qualy de Roland Garros, um "Satélite" qualquer no nordeste... Sempre tive sonhos, mas nunca exagerei na dose. Eram sonhos humildes... Confesso que aos 17 anos, meu principal objetivo era jogar uma chave principal do Banana Bowl. E como isso também não aconteceu, aposentei meu tênis "Ivan Lendl", esvaziei minha raqueteira, guardei minhas raquetes no armário e fui pra vida! Achei que tinha me libertado, que essa desilusão não iria acontecer de novo... Mas, a vida me ensinou que não era bem assim. A gente se livra de um sonho, e ela rapidamente coloca outro no lugar. O sonho da profissionalização foi trocado por outros sonhos. Uns realizados, outros ficaram bem próximos de se tornarem reais e alguns eu desisti no meio do caminho novamente. Daqueles que desisti, o mais relevante foi o de ser advogado. Fiz faculdade de Direito por 5 anos e não terminei... Depois de tanto insistir em algo que eu sabia que não iria dar certo, percebi que eu não servia para usar sapatos, gravata e camisa social... Muito menos para ficar chamando alguém de "Vossa Excelência". Descobri que eu sou muito mais um confortável par de tênis, uma velha calça jeans e uma camiseta 100% algodão. Que não tenho o perfil de manter formalidades com amigos e colegas de profissão. Nessa época, quase matei meus pais do coração ao desistir do curso de Direito no último semestre, faltando menos de 6 meses para me formar. Mais uma vez, tomei uma decisão e fui viver a vida.
Dentre os sonhos realizados, o mais importante foi o de ser pai. Tá certo que, o nascimento da Isabella não foi algo planejado e foi até complicado demais... Mas, independente da precipitação, ela é e sempre será o principal motivo que me faz seguir adiante, continuar sonhando e acreditando que sempre posso mais. (Vocês vão entender melhor o que estou falando quando terminarem de ler o post...)
Quando desistimos de um sonho ou somos supreendidos por tê-lo desfeito, é normal que percamos a motivação, a vontade de continuar. Pelo menos comigo é assim... Fico um tempo perdido, buscando razões por isso ter acontecido e me afasto de coisas que me fazem bem. É errado, eu sei. Mas, esse é o meu jeito!!!! E estou aprendendo a mudar isso...
No final do ano passado, depositei todas as minhas esperanças e sonhos em 2009. Estive muito próximo de realizar alguns desejos, a Paralella estava com um "timaço" e tudo apontava para um ano repleto de alegrias, vitórias e conquistas. A grande verdade é que tudo saiu fora do planejado e também do meu controle. Mais uma vez, tive sonhos despedaçados e fui pra vida... Agora não era eu quem desistia deles, mas sim eles que se afastavam de mim. Contra a minha vontade e com uma força que eu não podia fazer nada para reverter a situação. Foi assim com a minha vida pessoal, e com a Paralella, o caso mais complicado. Digo isso porque, além dos meus sonhos, eu tinha em minhas mãos os sonhos de mais 25 atletas. Crianças e adolescentes que não imaginam a quantidade de decepções e desilusões que ainda passarão em suas vidas.
Sonhei e desejei muito conquistar resultados excelentes para a "galerinha", para o time que é meu orgulho, pelo qual eu briguei com esse ou aquele provável patrocinador por não aceitar um "não" como resposta, por querer a todo custo um patrocínio, que eles tanto merecem. Esse pessoal, que por meses foram meus companheiros de "msn", de torneios, de orkut, de blog, nem sequer imaginam o quanto me fizeram bem numa das fases mais complicadas da minha vida. Eles mereciam mais de mim e eu me desesperava por me sentir incapaz de realizar os sonhos deles.
Confesso que pensei em desistir, em parar com a Paralella, não mais aceitar atletas e abandonar de vez a vontade de continuar alimentando o sonho dessa "mulecada". Mas, o medo de decepcionar o time me fez continuar!!!!
O tempo foi passando, eu continuei lutando. Acumulei decepções a cada negativa à um pedido de patrocínio, a cada "não" que engoli nesse ano e a vontade de parar só se fazia aumentar. Essa decepção insistia em me fazer perder o sono e ter um medo tremendo de não conseguir, de achar que estava iludido, de me sentir fraco por não conseguir fazer nada para mudar essa triste realidade, esse pesadelo de continuar vendo talentos abandonando o esporte por falta de apoio, de patrocínios.
Isso foi me consumindo, foi me afastando do blog, dos papos no msn, dos e-mails trocados com eles e principalmente dos torneios, mas não das minhas obrigações. Continuei mantendo contatos, enviando materiais e negociando com os patrocinadores, agora visando a temporada 2010.
Abandonei também as quadras. Deixei de jogar meus torneios, de treinar e de me divertir com os amigos em quadra. Me afastei completamente do tênis, como fiz quando tinha 17 anos.
Quando tudo estava se resolvendo, a motivação estava voltando e a vontade de retomar as atividades estava crescendo, a vida resolveu me "cutucar" de novo. Fiquei abalado, desmotivado, perdido e quando estava prestes a abandonar meus novos sonhos, a Isabella, com seus 10 anos de idade, assumiu o papel de motivadora principal e em uma noite qualquer quando saímos para tomar um sorvete e conversávamos sobre suas aventuras escolares, sobre seus sonhos e decepções (sim, ela já tem decepções!), pude perceber que eu já havia desistido de muita coisa na minha vida por não ter lutado, por ter medo de sofrer demais, por ser ansioso e impulsivo, querendo resolver tudo muito rápido e do meu jeito. Percebi que a frase que mais ouvi durante esse ano (e a que mais me irritou também!), é a mais pura verdade: "Tudo tem seu tempo, não se desespere!"
Tá, eu sei... fica confuso entender como uma menina de 10 anos abriu meus olhos pra isso. Eu explico!
Naquela noite eu estava confuso, passando por mais um momento difícil, com vontade de desistir de tudo e muito perto de "meter o pé no balde"... Estava revoltado por ter mais um sonho desfeito, pensando em tudo que havia passado da minha infância até ali, por tantos e tantos sonhos não realizados, por desilusões não compreendidas e por não ter mais forças para lutar e reverter tudo que me incomodava. Estava pensando muito na dificuldade que teria pra me readaptar aquela situação. Um desespero tomava conta de mim por temer não conseguir recomeçar, dar oportunidade à novos sonhos e principalmente por não querer novas decepções. Naquele momento, enquanto tudo isso "martelava" na minha cabeça e bombardeava meu coração, a Isabella quebrou o silêncio no carro e começou a me contar que sua vontade era ser baixinha. Era poder sentar na primeira carteira da sala de aula, não mais ser a última da fila na escola e principalmente deixar de ser sempre a "base" das apresentações na ginástica artística. Falou que estava cansada, que sonhava em ser a atração principal da apresentação de ginástica, mas que não desisitiu ao saber que novamente teria a função de "base" no encerramento anual da academia. Muito pelo contrário, decidiu que ia ser a melhor "base" que a equipe já teve e estava preparada para dar um show no espetáculo. Terminou a conversa dizendo: "Pai, hoje sou mais alta que as outras meninas. Sou a última da fila, não tenho a agilidade que elas têm, mas sei que posso ser a melhor entre as grandonas e não vou deixar de me apresentar com elas..."
BINGO!!!! Era o que eu precisava ouvir naquele momento... A motivação que eu buscava para desafiar a vida e provar que posso mudar alguns pré-conceitos, estava o tempo todo comigo, dentro de mim, no meu coração: ELA, A ISABELLA!!!!!
A conversa que tive com ela, me fez lembrar que quando juvenil, nunca tive oportunidade de ser o número 1 do time. Não era o melhor da equipe, não tinha um saque forte por ser baixinho, e não tinha nada que me destacasse dos demais tenistas. Mas, a vontade de fazer parte da equipe me forçou a buscar uma alternativa. Foi então que comecei a explorar outra qualidade: o reflexo. Passei a treinar mais voleios, melhorei meu desempenho na rede e a agilidade que tinha por ser menor que os outros me tornaram um bom parceiro de duplas. Essa adaptação me garantiu um lugar na equipe, me ajudou a conquistar meu objetivo de participar do time e querendo ou não a realizar um dos meus sonhos.
Aproveitei tudo isso, guardei aquela conversa com a Bella na memória, e hoje... após quase 7 meses longe do blog, decidi que era hora de voltar, de explorar outras habilidades e qualidades que me ajudem a reconquistar o tempo perdido e recuperar os sonhos que estava deixando escapar de novo... Foi assim que a vontade de escrever ressurgiu, e junto com ela veio aquele desejo imenso de lutar pelos meus objetivos, de me arrebentar quantas e quantas vezes for preciso e principalmente não mais desviar dos obstáculos que irão surgir no meu caminho, afinal eles foram feitos para serem superados e não desviados.
Minha filha me deu uma prova de que podemos aprender mais a cada dia... Que todas as pessoas passam na vida da gente com um propósito e com uma missão. Todas elas têm uma lição a nos ensinar, independente da idade, crença, raça e etc.
Estou de volta, galera... com a confiança renovada, com o coração ainda dolorido pelas decepções que tive durante esse ano, mas com mais experiência e determinação para continuar a lutar pelos meus sonhos, e não mais desistir deles.
Chegou a hora!!! Vou pra rede com a Paralella, com os reflexos apurados, com os voleios bem treinados e pronto para me adaptar a todas as mudanças que a vida colocar no meu caminho...
NÃO DESISTO MAIS DOS MEUS SONHOS... VOU PRA VIDA COM ELES... VEM COMIGO?
Game, set and match... (que saudades de escrever isso!!!!!)
Abraços
Claudio
P.S.: Amanhã volto com um post falando dos amigos que também me ajudaram a voltar pro blog, ok?? Promessa!!!!