OPORTUNIDADE DESPERDIÇADA!
Desde que a Paralella surgiu, todo mundo me pergunta como fazemos a seleção dos tenistas que agenciamos e qual o critério de avaliação que usamos para selecionar com quem vamos trabalhar. Muitas dessas perguntas chegam por e-mail, por scraps e na maioria das vezes são feitas por tenistas juvenis que buscam um patrocínio ou que desejam se juntar ao time da agência.
São vários currículos e pedidos durante todo o ano, e esse número cresce ainda mais na pré-temporada (dezembro e janeiro). São currículos vindos de toda a parte do Brasil, uns mais completos, outros mais simples, mas todos carregando os sonhos de uma criança ou adolescente de um dia se tornar um tenista profissional. Respondo a todos eles com a maior boa vontade. Os pedidos e currículos são avaliados por mim pessoalmente, e dou a todos eles o mesmo tipo de atenção seja de um tenista bem ranqueado ou não.
O critério de avaliação que usamos é bem complexo. Verificamos o ranking nacional (CBT), o calendário de torneios, a postura dentro e fora de quadra, local de treinamento, comportamento dos pais durante os jogos, entre outras coisas. Desde julho de 2008, decidimos em reunião que não mais aceitaríamos atletas com calendário voltado apenas para torneios regionais e estaduais. Porém, em dezembro decidi abrir algumas vagas para garotos de Limeira, cidade onde a Paralella está sediada.
Após avaliarmos os tenistas de Limeira, usando alguns dos critérios de avaliação da Paralella, decidimos integrar dois limeirenses ao nosso time: um menino de 13 anos recém-federado e uma garota de 14 anos, oriunda de um projeto social da cidade. Porém, durante a escolha eu tive vontade de convidar mais dois irmãos para fazerem parte da equipe, mas sabia que o número de atletas no time estava no limite.
Pensei, repensei... Avalei com muita calma e cheguei a conclusão que não me custaria nada incluir mais dois garotos na Paralella. Eles jogam bem, seu pai é um grande amigo meu e sei que eles queriam muito estar com a gente nos encontros e eventos que a agência vai realizar em 2009. Decidi então que iria convidá-los na segunda-feira.
Chamaria os 4 tenistas na academia, faríamos uma foto para divulgação na imprensa limeirense e começaríamos um trabalho com eles, inclusive eu ja havia conversado com alguns fornecedores de materiais esportivos para quem sabe conseguir um apoio à eles, por serem de Limeira... Mas, infelizmente isso não vai mais acontecer. O que era pra ser uma surpresa para eles, se transformou em decepção para mim ao saber que dois deles haviam trocados socos e pontapés na última sexta-feira. Fiquei apreensivo. Ouvi os dois lados da confusão e decidi que não tinha outra atitude a ser tomada que não fosse a de excluir o garoto que já estava agenciado e não mais abrir vagas para os outros dois.
O que mais me deixou decepcionado é que há pouco mais de uma semana, estávamos todos juntos assistindo as semi-finais do Aberto de São Paulo. Conversei tanto com esses garotos, expliquei como era o nosso trabalho, qual o tipo de comportamento que se deve ter, mas de nada adiantou... Espero que a perda da oportunidade de fazer parte de um time com jogadores renomados e bem raqueados faça com que eles aprendam que a indisciplina só traz problemas e prejuízos. Se querem lutar, lutem... Abandonem as raquetes, esqueçam o tênis e arrisquem a sorte no Karatê ou no Kung-Fu, nesses esportes os socos e pontapés são permitidos. No tênis NÃO!!!
Sei que vou acabar tendo uma série de problemas com esse post e com a decisão de desligar os meninos da Paralella. Mas, não trabalho feito um alucinado nem passo meus finais-de-semana e dias de folga em cima de um computador para conseguir benefícios para aqueles que não dão ao tênis a importância e respeito que ele realmente merece. O tênis é um esporte que proporciona muitas oportunidades. Cabe a cada um de nós saber aproveitá-las!
O que mais desejo na Paralella é que o TIME seja uma FAMÍLIA, onde uns ajudem aos outros, torçam por seus companheiros.
Espero do fundo do meu coração que essa seja a primeira e última vez que tenha que excluir alguém da equipe por briga ou agressão. Caso aconteça com outros atletas, a atitude será a mesma.
Enfim, peço desculpas aos tenistas e amigos que não merecem ler uma linha do que escrevi. Espero que vocês entendam isso como um desabafo. Estou de fato, profundamente decepcionado e chateado com esse acontecimento.
Acredito que vocês me darão total razão, já que levam o tênis como profissão e não como brincadeira.
Um abraço aqueles que realmente merecem...
Claudio